A acentuação da crise na saúde pública provocada pelo Coronavírus tem afetado todos os setores da sociedade brasileira, reorganizando as relações sociais, políticas, econômicas, educacionais e, consequentemente, a nossa subjetividade. Diante de um cenário de muitas incertezas quanto ao futuro das relações humanas, somado à inexistência de medicamento ou vacina eficaz no tratamento e/ou imunização da população, o DISTANCIAMENTO e o ISOLAMENTO SOCIAL têm sido as medidas mais efetivas para a contenção do vírus.
No Brasil, já passamos da marca de 71 mil pessoas com o Coronavírus, e mais de 5 mil mortes; sendo que a Bahia possui 2.646 casos confirmados, com 97 mortes, segundo relatório divulgado nesta quarta feira (29/04) pela SESAB. Sem dúvidas os mais atingidos por tal crise, além dos considerados grupos de risco, são aqueles/as que se encontram na base da pirâmide social, a classe trabalhadora, a população negra, a população em situação de vulnerabilidade, as mulheres, mães solo que neste momento precisam estar em reclusão voluntária para se protegerem e cuidar de seus familiares.
As medidas adotadas pela Prefeitura Municipal de Ipirá para o combate da pandemia do novo Coronavírus tem chamado a atenção da população. A Secretaria de Saúde, em ação pelo Comitê de Enfrentamento ao Covid-19 do município confirmou, em menos de 10 dias, 5 novos casos de Coronavírus em Ipirá, sem contabilizar o caso do profissional de saúde que estava atuando no município e foi diagnosticado com a doença. Oito exames ainda seguem em análise, conforme última atualização das redes sociais da Prefeitura. Diante disso, a gestão municipal lançou o Decreto nº 43 de 19 de abril que suspende o funcionamento de todo o comércio, exceto aqueles considerados essenciais.
O número de casos confirmados e em análise é preocupante, uma vez que o serviço de atenção à saúde do município é frágil, já que não possui uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e, segundo informações, o município possui apenas 6 (seis) respiradores mecânicos. Além disso, é preciso considerar que a população de Ipirá conta com um número significativo de idosos (considerados grupo de risco), sobretudo, na zona rural, onde o controle do isolamento e distanciamento social se torna ainda mais desafiador.
A gestão municipal tem feito algumas ações de prevenção, conforme divulgado pela Prefeitura, como: a intensificação da limpeza de praças da cidade e do interior do município; qualificação dos profissionais de saúde para lidar com a pandemia; orientação da população que está nas ruas; regras para o transporte da zona rural e, a distribuição de kits de alimentos pela Secretaria de Educação.
No entanto, já nos decretos n° 047 de 26/04 e 048 de 28/04, publicados pela Prefeitura Municipal, o Prefeito Marcelo Brandão permite a retomada de funcionamento (exceto bares), condicionados a horários pré-estabelecidos, de estabelecimentos tidos como não essenciais, tais como lojas e academias; contrariando as orientações e recomendações das autoridades mundiais de saúde, assim como do Governo do Estado da Bahia, o qual orienta, por meio do DECRETO Nº 19.661 DE 27 DE ABRIL DE 2020, o não funcionamento daqueles estabelecimentos tidos com não essenciais, incluindo academias e aulas de dança ou ginástica em 128 cidades baianas, dentre elas, a cidade de Ipirá.
Essa decisão do Prefeito é apoiada em uma falsa dicotomia entre saúde pública e sustentação econômico-financeira. Essa posição é propagada sobretudo pelo Presidente da República, o qual já deu evidências suficientemente claras de que não possui qualquer competência para ocupar um cargo de tamanha importância como o da Presidência de um país como o Brasil. Sem dúvida a manutenção de empregos para a população é importante; no entanto, seria uma atitude um tanto quanto perversa querer fazer o povo acreditar em uma escolha ilusória entre manter a saúde ou os empregos preservados, pois não há a possibilidade de empregos sem a vida, sem a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras.
As medidas de isolamento continuam sendo as mais eficazes e acreditamos que a reabertura do comércio, bem como o pleno funcionamento das indústrias locais neste momento pode resultar em uma maior circulação de pessoas pela cidade, aumentando assim o risco de contaminação comunitária, causando assim um colapso no sistema de saúde já tão precarizado em nossa cidade. Nesse momento a nossa preocupação precisa ser SALVAR VIDAS!
Ao tomar esta decisão, o poder público tenta isentar-se de uma responsabilidade que é sua, qual seja, a de buscar possíveis maneiras que visem a preservação da vida do povo ipiraense aliada à possibilidade de reduzir ao máximo o impacto desta epidemia em setores da economia municipal, uma vez que este impacto será inevitável por se tratar um vírus com grande facilidade de propagação e um alto percentual de casos que evoluem para formas graves.
Dessa forma, elencamos algumas proposições com o objetivo de colaborar com o combate do Coronavírus em nossa cidade:
Suspensão das obras públicas e seu consequente financiamento e que seja direcionado todos os esforços e recursos ao combate do Coronavírus;
Medidas de contenção e desaglomeração das pessoas diariamente e, de modo especial, às quartas-feiras, dia em que está ocorrendo com normalidade a Feira Livre do Município;
2.1 Separação das barracas em no máximo 2 a 3 metros de distância entre uma e outra;
Distribuição de máscaras para a comunidade e a obrigatoriedade do uso nos espaços públicos, sobretudo nas filas de lotéricas e bancos;
suspensão da circulação, saída e a chegada de qualquer transporte coletivo intermunicipal, público e privado rodoviário, nas modalidades regular, fretamento, complementar, alternativo e de vans;
Orientar que os bancos e lotéricas deverão iniciar, a triagem rápida para reduzir o tempo de espera no atendimento e consequentemente a possibilidade de transmissão nas filas;
Atenção especial aos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate do Coronavírus através da testagem destes e da população de modo geral;
Intensificação por meio da Secretaria de Assistência Social às famílias em estado de vulnerabilidade social na sede e no interior do município e aos estudantes de baixa renda por meio da Secretaria de Educação;
A AEIPI reforça a importância da população continuar a manter-se em isolamento, caso seja possível, indo às ruas apenas em situações de extrema necessidade, não abandonando o uso de máscaras de proteção neste caso. Sugere ainda que as pessoas vá as agências bancárias apenas se não for possível realizar atividades ou obter informações através de outras vias.Tendo em vista o crescimento constante dos casos em nível mundial, ainda não é o momento de flexibilizar nossa forma mais eficiente de prevenção: o isolamento.
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